Essa não é nem a primeira, nem segunda vez, acredito que
seja lá pela quadragésima, e toda vez eu falo: “- Essa foi a última vez!” Mas
toda vez, toda vez, eu esqueço e me jogo de olhos fechados. Há quem diga que
seja carência, mas na minha concepção já é doença. Esta é uma auto-biografia, dramática
e exagerada, mas uma exteriorização da verdade pura, fazer o que, I'm such a
drama queen.
Sempre fui a amiga feia da menina mais linda da escola, desde
pequena foi assim, Fafá, Larissa, Amabyle, Bárbara, Enayele, Clara, Vanessa,
Thalita, Juliana, Lolo, eu sempre fui a amiga feia, e todas elas, sempre foram
lindas por dentro e por fora, e eu amava todas elas, ainda amo cada uma, embora
não fale com quase nenhuma, elas foram imprescindíveis no momento certo, me
defenderam e me fizeram bem sempre que precisei. Aquela amiga feia, discípula fiel, defensora,
puxa-saco dos filmes? Sou eu. Eu tenho costume de me comparar a um labrador.
Tipo o Bacon. Só que na versão Ana Eliza.
E depois de casada, acho que me perdi nas classificações. Nessa busca incessante por aquela amiga confidente
(sabe aquela amiga que te salva, que é casada com aquele cara super legal que
seu marido também adora, que chega na sua casa sem pedir licença, ataca a
geladeira, beija seus filhos e senta no sofá como se tivesse na casa da sogra)
acho que não se fabricam mais amigos como antigamente. No filme, quando a
mocinha termina o namoro com o galã, e pra onde ela olha, tem um casal
apaixonado? Quase isso. Mas eu, pra onde olho, vejo pessoas com amigos, eventos
de fim de semana, filhos brincando juntos, piadas internas. Esses dias brinquei
com meu marido, vamos visitar alguém? Olhamos um pro outro, demos risada, e
fomos pra casa.
É engraçado? É. E não é.
A questão é, qual a necessidade de permanecer se jogando em
supostos “relacionamentos” mesmo sabendo que o fim não muda. E que aquele fim
de filme, não é nem de perto, o fim da “vida como ela é”. É quase um sentimento
sadomasoquista, daquele tipo da máquina de fiar da Cinderela, você sabe que não
pode tocar, mas é tão difícil resistir e acaba metendo o dedo.
Acho que estou com o dedo podre, melhor amputar mãos e pés.
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